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Do Berço ao Berço: Um Novo Olhar para o Design de produtos

Atualizado: 27 de mar.

Autora: Carla Lupinacci

Data: Novembro 2021


O design está diretamente interligado aos estilos de vida e consumo, interferindo nos valores, referências culturais e hábitos da sociedade, podendo interferir com inovações radicais ou inovações incrementais, neste capítulo o conceito do berço ao berço mostra um novo olhar para o design.


Conceito

O arquiteto americano William McDounough e o químico alemão Dr. Michael Braungart foram os idealizadores do conceito Cradle to Cradle, do berço ao berço, em 1995 começaram um movimento no cenário verde mudando os paradigmas da época com projetos realmente inovadores, eles desencadearam uma revolução no design e na forma de conceber o produto, pois começaram a analisar a composição química dos objetos, evidenciando a possibilidade de reverter os resíduos gerados em alimento, estimulando um ciclo de vida circular e não linear, entendendo a terra como um sistema inteiro e o lixo como alimento (McDOUNOUGH e BRAUNGART, 2009).


Eles sugerem um modelo para o cradle to cradle (C2C), a idéia consiste na eliminação de resíduos através de projetos diferenciados, e propondo o design sustentável baseados nas leis da natureza, podendo transformar a economia de consumo em uma ação regenerativa. A proposta C2C sugere criar, redesenhar os produtos e ingredientes para se tornarem nutrientes, permitindo dessa forma, que produtos antigos se tornem matéria-prima para novos produtos e serviços (McDOUNOUGH e BRAUNGART, 2009, p. 3-16).

O planejamento do berço ao berço (C2C), oferece o mesmo fluxo cíclico da natureza, através de ciclos regenerativos proporcionando projetos e produtos totalmente positivos ao meio ambiente. Dessa forma o produto, no lugar de poluir, pode se tornar agente purificador do ar, da terra e da água, utilizando materiais seguros e sadios, reabastecendo o meio ambiente com essa matéria-prima sendo eternamente reaproveitada.


Esse novo conceito de criar vai além da modernização ou diminuição dos efeitos industriais, a forma de pensar o produto é diferente das abordagens existentes, que são mais convencionais.

O desenvolvimento sustentável poderá ser uma estratégia útil para essa transição, através de alguns de seus conceitos que defendem o uso da energia eficiente para a fabricação dos produtos, reciclar os materiais e diminuir o consumo, tende a reduzir os impactos que hoje são gerados pela sociedade, porem não os impede totalmente de interferir na natureza, por exemplo, a reciclagem de carpetes, pode reduzir o consumo, porem, caso o forro contenha PVC em sua composição, o que na maioria das vezes contem, o produto reciclado que tem o seu ciclo de vida linear, ira para o aterro e poderá se transformar em um resíduo perigoso ao ecossistema e também a nossa saúde.


Os critérios do C2C estimula uma economia circular, onde setor industrial produz os materiais considerando sua composição química, facilidade para desmontar, energia limpa e resíduos que podem virar alimento, itens estratégicos para a proposta do sistema de ciclo fechado do berço ao berço (McDOUNOUGH e BRAUNGART, 2009).


Implantação do modelo na criação do produto



A estrutura C2C vem evoluindo constantemente durante a última década, da teoria para a prática, pois novos projetos têm sido implantados adotando o conceito do berço ao berço. No setor industrial, já esta se adotando uma nova forma de conceber os produtos, considerando a matéria-prima nutriente, da mesma forma como ocorre na natureza, o resíduo de um organismo circula pelo ecossistema, se tornando alimento para outros seres vivos, nesse movimento cíclico da natureza não há desperdícios ou resíduos (MBDC, 2010).

Alguns nutrientes biológicos e técnicos já estão sendo comercializados, outro exemplo, é o tecido da empresa Climatex Lifecycle, que é uma mistura de lã livre de resíduos e pesticidas e rami cultivado organicamente, tingido e processado inteiramente sem toxinas, todo o seu processo de fabricação e insumos foi desenvolvido em função da segurança humana e ecológica, respeitando o metabolismo biológico, e como resultado temos todos os retalhos do tecido ser transformado em feltro e utilizado por agricultores nas plantações como matéria vegetal para o cultivo de flores e frutas retornando, dessa forma, os nutrientes ao solo (McDOUNOUGH e BRAUNGART, 2009, p. 101-114).


Esse nova forma de conceber o produto e serviços podem ser oferecidos pelas empresas à sociedade espera mudar totalmente o estilo de consumo, na medida em que os materiais utilizados retornem ao meio ambiente como nutrientes, ou sejam, recicláveis através de um sistema com a qualidade ainda maior e não tóxicos, essa reciclagem será ascendente , ou seja, teremos produtos melhores e um sistema de produção mais inteligente e saudável gerando segurança (McDOUNOUGH e BRAUNGART, 2009, p. 101-114).

A reinvenção dos produtos considerando a sua composição química, nos faz pensar diferente a respeito do consumo que foi a nossa abordagem inicial, pois se os resíduos gerados podem se tornar alimento para o solo e animais, eles retornam para a natureza de uma forma diferente, mais respeitando o modelo circular da natureza, onde não ha desperdícios (McDOUNOUGH e BRAUNGART, 2009, p. 101-114).

Pensando dessa forma o consumo de produtos não tóxicos e que sua matéria-prima sirva de nutrientes para o meio ambiente, o ato de consumir conscientemente fará parte do ciclo de vida do produto e também da economia.


O conceito C2C vai alem dos conceitos anteriormente estudados, pois seu objetivo não é reduzir os impactos negativos (ecoeficiencia), e sim, e sim aumentar seus impactos positivos (ecoeficacia), é necessário perceber os processos produtivos seguros do metabolismo biológico na natureza e refletir esse processo no metabolismo técnico industrial, para isso, é necessário conceber o produto considerando seus componentes químicos e projetar pensando na recuperação e reaproveitamento contínuos integrando os produtos consumidos ao meio ambiente e com responsabilidade social (MBDC, 2010).


C2C defende alguns princípios referentes à energia, água, e responsabilidade social, são eles:

-   Eliminar o conceito de resíduo. “Lixo é alimento”: Produtos com o ciclo de vida circular e seguros para a saúde humana e ao ambiente, podendo ser reutilizados perpetuamente através de técnicas e metabolismo biológico. Criar e participar de um sistema de coleta par recuperar o valor desses materiais apos o seu uso.

-   Alimentação com energia renovável. “usar receita solar”: maximizar a utilização de energia solar.

-   Sistema naturais de respeito. “celebrar a diversidade”: gerenciar o uso da água para maximizar a sua qualidade promovendo ecossistemas saudáveis respeitando os impactos locais.


A aplicação do modelo C2C elimina o conceito de resíduo e sugere que os resíduos são alimentos desde que em sua composição não contenha substancias tóxicas a saúde ou a natureza, também, avalia a saúde ambiental e humana, as características dos materiais ao longo de seu ciclo de vida, reciclagem dos produtos/biodegrabilidade, a eficácia da recuperação e reciclagem dos produtos, uso de energias renováveis, gestão da água, e responsabilidade social (McDOUNOUGH e BRAUNGART, 2009, p. 101-114).


A análise dessas substâncias torna-se necessária para entender se os materiais podem servir seguramente durante o ciclo como nutrientes biológicos ou nutrientes técnicos, eles são avaliados desde a sua produção ate o seu uso e descarte para compostagem ou reciclagem.


O primeiro passo é dividir a composição de cada material conforme seus ingredientes específicos para detectar os prejudiciais a saúde. O segundo passo é avaliar cada ingrediente para analisar os riscos em todo o seu ciclo de vida, e o terceiro passo e identificar o perfil do produto químico, e como a substancia química pura pode ser usada, sem que seja tóxica no produto acabado e em seu ciclo de vida (McDOUNOUGH e BRAUNGART, 2009, p. 101-114).


Finalmente terminada a avaliação do material, os designers podem desenvolver os produtos selecionando ingredientes que são seguros para a saúde humana e ambiental, sendo totalmente recicláveis e biodegradáveis, os fabricantes podem explorar varias estratégicas econômicas e de consumo considerando a plena reciclagem e biodegradacão dos seus produtos. Finalizada essa etapa é importante efetuar a certificação dos produtos para ser comercializado de forma controlada. 

Dessa forma, o modelo linear que praticamos hoje será substituído por sistemas cíclicos, permitindo que os recursos sejam reutilizados indefinidamente e circulem de forma segura e saudável para as pessoas e o meio ambiente.

 
 
 

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